terça-feira, 14 de outubro de 2008

O Maléfico Dr. X

Então aqui vai como prometido o enredo deste delicioso episódio, em que o Dr. X (o maléfico boss do meu preferido videojogo.. encaixa bem) volta mais uma vez a atacar os enfermeiros.
Primeiro leiam o trecho do blog que está na ordem dos dias, sim, porque como assim me chegou às mãos, a muitas também segundo consta, terá chegado:

"15:30h começa a passagem do turno das enfermeiras. Ouço o matraquear continuo de uma voz que descreve os factos que se passaram no turno que agora deixa, sempre no discurso directo – eu disse:... e ele disse: e depois eu respondi: ... e ele ... .Acabou de passar os seis doentes às 16:15h. Uff!!! Felizmente que não são todas assim! Há anos que tropeço em profissionais sem poder de síntese que narram qualquer facto em discurso directo, esforçando-se por dizer todas as palavras que ouviram e disseram com as respectivas entoações dos intervenientes, num Eu disse: e ... Ele disse: ... intermináveis.
Embora este falar seja comum na população para florir a banalidade, quando o vejo usar nas relações profissionais, entendo-o como tentativa de encher a vacuidade das suas intervenções!Mas... há quem diga que é ... estilo!"

A minha resposta:

"Realmente faz todo o sentido o que disse.. de vez em quando as pessoas perdem-se em "banalidades" tentando descrever o diálogo que aqui procura retratar: "o eu disse.. ele disse, eu disse e eu depois respondi.." Pelo que vejo entre aquela senhora enfermeira e o senhor utente conseguiu-se manter de certa forma um diálogo, alguma partilha.. Agora como o senhor tropeça em banalidades deste tipo, eu também farto-me de tropeçar em médicos que não têm a mínima noção de partilha e que dificilmente trocam duas frases com o senhor utente.. agora questiono-me, qual destas atitudes é a mais vazia?!Eu cá prefiro o banal ao vazio.. e o senhor? Quantos milhares de euros poupariamos em terapêuticas inusitadas prescritas quase por reflexo? O diálogo não tem uma dose (nem que seja ligeira) terapêutica? uns falam de mais.. outros de menos..
De certo que deveria ter alguma coisa mais ÚTIL a fazer do que escutar as "passagens" das enfermeiras. Não poderia estar a conversar com o senhor utente?! falar sobre os seus receios, sobre o que o faz sentir melhor, se precisa de alguma coisa que esteja ao seu alcançe e que o torne um pouco menos angustiado.. de certeza que iria ficar bem menos desesperado por se encontrar naquele sitio estranho, com uma atitude desse genero.. ou isso é uma "banalidade"? "estilo" não será com certeza.
Por último, apos ter lido umas passagens do seu interessante blog, fico com a ideia (pode ser errada) que não encontrei também nenhuma referência aos maneirismos (que não serão poucos) da sua classe... é sempre de bom tom primeiro caracterizarmo-nos e só depois estudar os trejeitos dos outros, não acha?
Devo acrescentar que nenhuma "guerrinha" pretendo alimentar, porque o meu desejo seria que TODOS (num hospital) convivessem em harmoniaaaa (que muito precisamos!) e em espírito de equipa, ou acha que não Senhor Doutor? huumm talvez não.. o melhor é atirar setas aos enfermeiros..

e assim foi..
nota de autor: "As setas" que no último parágrafo refiro são aqueles dardos pequeninos com ponta de metal usados para lançar a um alvo..
Mas isso são outras histórias! Brevemente a conhecerão.

Até breve!
G.

2 comentários:

  1. Meu caro Guilherme:
    A conversa descrita é entre 2 enfermeiras e não entre uma enfermeira e um utente, e como tal devia ter sido usada linguagem técnica e eficiente, para que as suas múltiplas tarefas não sejam afectadas, entre as quais a presença à cabeceira do doente.

    Quanto aos médicos apressados ou ineficientes, sugiro que leia os seguintes posts do meu Blog: http://abeiralethes.blogspot.com/2008/10/o-doutor-no.html, http://abeiralethes.blogspot.com/2008/09/os-tirulisso.html, http://abeiralethes.blogspot.com/2008/08/uma-ma-podre.html, e outros
    e os livros que no Blog referenciei.
    Se contabilizar verá que são mais as críticas aos médicos que aos enfermeiros.

    Quanto à sua necessidade em Harmonia, devo lembrar-lhe que não há mudança sem trauma e que face ao nosso atraso em relação ao mundo ocidental que perseguimos, ou aceitamos o conflito como parte do nosso dia a dia ou iremos continuar na cauda da Europa.

    Quanto à discussão com os doentes sobre o que os atormenta, não posso estar mais de acordo consigo, embora tal não seja sempre possível, face ao volume de trabalho que os médicos “responsáveis” são chamados a executar (não incluo os irresponsáveis que também os há como em todas as profissões). No entanto, creio que quem lida com doentes graves, tem sempre disponibilidade para tal.

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  2. PARABÉNS Guilherme
    Uma resposta á altura....
    Mas responder a esse Dr. maléfico é dar-lhe importancia.... eu li o blog dele mas achei q protagonismo é o q ele quer...

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