sábado, 31 de março de 2012

Pernas para que te quero


Há uns dias atrás entrou um rapaz no Serviço de Urgência com uma fractura muito complicada na perna, ou seja, tinha a perna virada do avesso. Ia no lugar do morto, no carro de um colega tuningueiro (*) que se espatifou, por excesso de velocidade.
Foi operado e depois internado no serviço de Ortopedia e aí as coisas complicaram ainda mais. Consta que quem entrava na enfermaria onde o rapaz estava, sentia logo um cheiro a podre, sinal que aquela perna não estava muito famosa. Os enfermeiros lá iam alertando os ortopedistas, mas estes diziam que não havia perigo, pois o doente já estava com antibiótico. Como se previa, mais uma vez a coisa deu para o torto e o jovem chegou mesmo a assinar o consentimento para se amputar a perna. O ortopedista perguntou-lhe: "Queres assinar a tua certidão de óbito?". O rapazinho respondeu: "Desculpe, não tou a perceber..."
Nem eu percebia se tal ouvisse e provavelmente teria fugido, mesmo com uma perna só. Teria feito como o outro cirurgião que salvo erro tinha uma apendicite e pegou no carro e foi para o Porto.
Bom, mas adiante... o rapaz lá safou a perna graças a prudência de um outro médico, ponderado e já com larga experiência. Foi transferido e ainda hoje conserva a sua perninha.
É por estas e por outras que tenho pavor que algo aconteça aos meus... e a mim.

(*) digo colega, porque amigos deste eu não queria, tuningueiro refere-se à moda parola dos tunings 

10 comentários:

  1. Esta agora, o director do Serviço não é o chefe da acreditação, ou estou enganada. Julgo que está quase tudo dito. Mas p´ra animar a malta vamos ter por cá um encontro de músicos. É por estas e outras que este país está assim. Ao que consta anda p´ra aí muita gente a dançar o vira, até já quem jure que é o malhão...........

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  2. Ainda bem que saiu a tempo da ULSAM afinal é um jovem e não merecia sofrer pelos erros dos amigos,irresponsabilidade da idade e pior que tudo....desleixo médico.....

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  3. ah pois!!!
    e a maioria das pessoas ainda conserva um inexplicável e sem sentido medo/respeito aos doutores médicos!!

    e o que operava bêbedo, ainda por aí anda??

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  4. Mas afinal a perna era para amputar ou não?
    Porque pelo que entendo o ortopedista pediu o consentimento informado e depois perguntou-lhe: "Queres assinar a tua certidão de óbito?". Ora tal como está escrito dá a entender que amputar a perna era assinar a certidão de óbito.
    Mas segundo o que escreve "o rapaz lá safou a perna graças a prudência de um outro médico", ou seja, afinal amputar a perna não equivalia a certidão de óbito.
    Será que pode explicar melhor esta história que parece tão mal contada?

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  5. é tal e qual como esta descrito. O ortopedista entregou o consentimento informado, que o jovem assinou e nessa altura perguntou-lhe se queria assinar a sua certidão de obito, ao que ele respondeu que não estava a perceber. Não percebeu o jovem, não percebi eu, nem pelos vistos o senhor(a), acho que ninguém percebeu, mas segundo o próprio, foi isso que aconteceu. Amputar uma perna tem os seus riscos mas obviamente não é uma certidão de óbito, simplesmente o médico (provavelmente) queria ser original, ou algum tipo de humor mórbido e disse o que disse, agora cada qual que pense o que quiser.

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    1. Desculpe Guilherme mas não foi assim que aconteceu... O jovem tinha uma fractura bastante complicada e conspurcada (suja - de terra, detritos, etc). Na primeira cirurgia realinhou-se o membro, lavou-se a ferida e encerrou-se a mesma (isto numa sexta feira). No domingo à noite quando foi referenciado a tal situação do cheiro, foi observado, alterou-se a medicação e discutiu-se o caso na reunião do dia seguinte. A situação tinha evoluido para uma infecção por anaeróbio (muito provavelmente do tipo Clostridium) e já se encontrava pela coxa. Nesta altura mesmo a amputação poderia não resolver o problema, uma vez que a infecção quase atingia a anca e poderia continuar a evoluir. A 2ª cirurgia (desbridamento de todo o membro inferior, retirando os tecidos mortos e infectados) associado aos antibioticos resolveu o problema, e o doente necessitou de ser transferido pois era necessário fazer relalho livre de musculo para cobrir os ossos da perna que ficaram expostos (não tinha pele nem muscúlo para tapar o osso), algo que só cirurgia plástica tem experiência a fazer.
      Em momento algum houve essa certidão de óbito...
      Já de vez o cirurgião que foi para o porto ser operado... ele estava a trabalhar na ULSAM e sentiu-se mal. Pediu dispensa do trabalho e foi para casa, que por acaso fica em Vila Nova de Gaia. Como a situação evolui pela noite dentro (com agravamento da dor e febre) foi ao hospital mais perto de casa e lá acabou por ser operado...
      Guilherme opiniões são opiniões, mas que mal informada são mal interpretadas e geram rumores totalmente desnecessários.
      Com os melhores cumprimentos.
      PMM

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    2. Boas,
      Acho que não percebeu a parte da "certidão de óbito". O médico disse ao jovem, "Queres assinar a tua certidão de óbito?" (isto contado pelo jovem).
      Tudo o que acabou de dizer não contraria o que foi dito no post. Acrescentou pormenores importantes, pelo qual agradeço. Alias é mesmo esse o objectivo do post, pois fico feliz que alguém que tenha vivenciado (de uma forma ou de outra)esta situação, apareça para discutir algo que não correu muito bem.
      É evidente que não tenho acesso a todos os dados deste "caso", mas sei de fonte segura que a perna do jovem teve em risco, que os enfermeiros chamaram várias vezes os médicos e que a situação não terá sido suficientemente valorizada na altura, ao ponto de evoluir para onde evolui e também sei que havia quem quisesse amputar e quem preferiu outro caminho. Sabe que as paredes têm ouvidos.
      Mas o que interessa é que (penso eu) o jovem está bem. (e com a perna)

      Quanto ao médico que foi para casa, aí já é diferente. Desconheço pormenores. Mas o que é certo é que ele tinha um problema abdominal (apendicite julgo). Ele mais que ninguém o saberia e preferiu ir para casa, falou com um colega de Gaia e foi para lá (estando em serviço em Viana). Mas aqui há várias análises
      Abraço e obrigado!
      Mas deixe-me só terminar dizendo que a posição de um médico não é nada fácil. É por isso e por outros motivos, que não quereria ser médico. Ter que tomar decisões desta índole é extremamente complicado.

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  6. há dias, entra nu su alguém aparentemente vitima de uma queda - estava imobilizada num plano duro. a determinada altura é questionado ao ortopedista se é para manter a imobilização.. "deixe-me ver com o meu colega"...
    o colega, só com um dente e sem ver o paciente, arrota um "tira tudo!"

    deixa arder!

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  7. Meu DEUS!
    Que mais,irá acontecer!?
    L.F.P

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