domingo, 22 de julho de 2012

Bastonário é uma figura de estilo

Para que serve um Bastonário?
Qual o seu poder?
Que influência exerce nas decisões do estado?

Depois de recentemente ter constatado que, após o apelo do Bastonário para que se reduzisse em 10% as vagas para o acesso à licenciatura em enfermagem, tudo continua na mesma, ou seja, não se registou nenhuma redução de vagas, só posso concluir que o Bastonário é uma figura talvez de estilo, onde a influência que ele exerce nas decisões do estado é ZERO.

Portanto, o número de enfermeiros desempregados continuará a aumentar, a emigração continuará a aumentar e as escolas públicas e privadas continuarão a encher os bolsos. Estamos a investir em formação para depois exportá-la... Parabéns Portugal! Os outros países agradecem.

9 comentários:

  1. Parte 1 de 3

    Caro Colega Guilherme de Carmo, não sei se a questão pode ser colocada nos moldes em que colocou.

    Se de facto a anterior Bastonária era uma figura de estilo o mesmo já não me parece ser o actual Bastonário, Enf. Germano Couto. Porque digo isto?
    Porque é preciso atender a quem é o Enf. Germano, quem são as figuras mais próximas de si, quem são as suas bases de apoio e quais as ideias e visões que tanto o Enf. Germano como os seus apoiantes têm.

    Analisemos as coisas ponto-a-ponto:
    1) toda a gente sabe que o Enf. Germano Couto tem ambições políticas, tal por si só não é reprovável, pode até ser positivo se chegando lá se pautar pela integridade e rectidão (embora muita gente que se pautava por estes valores uma vez nos meandros políticos pareça abandonar tais valores). O que é preciso estar atento é para um eventual uso da OE e por conseguinte da Enfermagem como trampolim para essa ambições (não podemos ter uma situação em que a Enfermagem e os Enfermeiros sejam usados como moeda de troca para favores ou assegurar de um "tacho")
    Este primeiro ponto é também importante na medida em que se pode reflectir nos que a seguir vou referir.

    2) pegando no tema que o Colega usa no seu post vejamos bem o que pensa muitos dos membros e apoiantes da actual Ordem. Temos aqueles que preferem que nem se fale no excesso de licenciados por recearem que isso implique que percam o seu lugar como professores nalgumas Escolas. Temos também aqueles que defendem que de facto é necessário que se reduzam as vagas e que tal devia ser feito nas Escolas Públicas (aquelas que de um modo geral até têm uma formação melhor) já que se poupava dinheiro ao erário público o que não deixa de ser curioso é o facto de não mencionarem a necessidade de fecharem vagas nas Privadas e até mesmo de se efectuar uma Auditoria séria para se averiguar da qualidade do ensino aí ministrado (a este propósito recorde-se que na AG de Coimbra logo após a tomada de posse da actual Ordem foi dito que uma Auditoria só para 2015).

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  2. Parte 2 de 3

    3) relativamente à valorização do trabalho dos Enfermeiros, o que pensa a actual Ordem? Bem, relativamente a isto nada melhor do que pegar num exemplo concreto - o recente e tão badalado caso dos nossos Colegas e a oferta que receberam da ARSLVT de 3,96Euros/hora. O que se passou neste caso? O SEP lá foi com as suas bandeiras e apitos fazer barulho, o caso chegou à comunicação social, o Ministério teve que intervir, reunião do SEP com o Ministério a uma 6ªFeira, chegou-se a um acordo que futuros concursos teriam que ser indexados ao que se paga a um Enfermeiro contratado. Na 3ªfeira após esta reunião do SEP com o Ministério lá se seguiu uma reunião do Bastonário com o Ministério, confirma-se o que se disse na reunião de 6ª. Mas quais os resultados? O concurso não foi anulado pelo que há Colegas que estão a ganhar os 3,96Euros/hora e nos próximos concurso ficou assegurado que vão ser pagos de acordo com as fortunas que cada um de nós aufere. A Enfermagem saí valorizada? Não me parece.

    4) Qual a ideia e a visão do Enf. Germano Couto e da actual OE para o SNS? Aqui tudo é muito nubloso. As respostas e afirmações são muito generalistas, afirma-se a defesa do SNS, mas que SNS? Estamos a falar do SNS público, universal e gratuito? Ou estamos a falar de um SNS que passe a abranger privados e mais PPP? Esta pergunta não é disparatada, basta escutar algumas das afirmações de alguns membros da Ordem e recordar mais uma vez da proximidade do Enf Germano e dos seus colaboradores a elementos do PSD que têm uma visão liberal do País e com ligações a alguns grupos privados com interesses na Saúde.

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  3. Parte 3 de 3

    5) Relacionado com o ponto 4 deixo uma questão: qual tem sido a postura da Ordem face ao encerramento de Serviços? tem a Ordem denunciado as cada vez maiores limitações ao trabalho dos Enfermeiros na prestação de cuidados aos doentes? Sinceramente quase nada se ouve da Ordem e o pouco que se ouve é dito de forma pouco veemente e de uma forma muito generalista (muito vaga) sem apontar casos concretos quando o que não falta são situações concretas, enfim muitas palavras de circunstância.

    Por isso e para concluir, será que o Bastonário é de facto um figura de estilo? Ou não será este o seu estilo? Não estaremos a assistir à ascenção de alguém que até tem sabido apostar na visibilidade mas que a usa de acordo com um projecto não só pessoal mas também de um grupo com ideias muito próprias dentro da Enfermagem mas que poderão ser desastrosas pois poderão a médio e longo prazo condicionar uma ainda maior precariedade da Enfermagem ao mesmo tempo que se assegura que uns poucos mantenham um status quo (os que estão ligados às Escolas, Enfermeiros que ambicionam cargos pelo cargo mas não pelo Serviço e defesa dos Colegas)?
    Não estaremos a criar na Enfermagem, um pouco à semelhança do que se passa noutras organizações, de Barões da Enfermagem? Nada tenho contra hierarquias, estas são fundamentais para o bom funcionamentos, mas não posso tolerar que se divida tão profundamente a Enfermagem criando-se uma classe minoritária de "abelhas-rainha" que exploram a maioria das "abelhas-obreiras" sendo que estas últimas, as que verdadeiramente representam a classe, se arriscam a ser o "elo mais fraco" de toda a cadeia.

    Deixo estes tópicos à reflexão de todos. Lembro-vos que a Ordem não é da direcção, é de todos os Enfermeiros e que a direcção é que deve estar ao serviço de todos e não o contrário.

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  4. Mais uma vez além mar visualizo as nossas semelhanças conjunturais. Aqui sofremos com o grande inchaço das Escolas de Enfermagem que lançam no mercado semestralmente mais de 225.000 (duzentos e vinte e cinco mil) bacharéis em enfermagem. São 988 instituições que oferecem este curso. O mercado de trabalho saturado, a precarização do trabalho e as grandes queixas da categoria surge um debate curioso e perigoso aqui no Brasil. O Exame de Ordem. A proposta é que não basta apenas ser graduado por uma instituição de ensino superior, mas que após esta formação o graduado seja submetido a uma prova específica elaborada pela autarquia do Estado - Os Conselhos de Enfermagem, reduzindo a quantidade de profissionais que se formam anualmente, fornecendo ao mercado e a população apenas profissionais "qualificados". O perigo vem a mostra pois ao mesmo tempo que demonstra um interesse em resolver essa situação, o Estado admite a sua incapacidade e incompetência na Educação. Eles permitem as aberturas de curso a qualquer modo e qualquer qualidade e depois tentam remediar os erros... Desconheço se em Portugal há tal exame ou algo a caráter ou se há debates sobre essa implementação.
    Abraços!

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  5. olÁ!
    Caro anónimo, obrigado pela análise detalhada, concordo com o que diz. Não sabe se a questao pode ser colocada nesses moldes?! Em que aspeto? Não foi o que aconteceu? O Bastonario apelou a uma diminuição do numero de vagas, mas estas continuaram na mesma... portanto o Ministro ou quem decide esse tipo de coisas simplesmente não valorizou o que ele disse, dessa forma questiono qual a importancia de um bastonário, será que é só para nos complicar a vida, caso aconteça um azar em trabalho??

    Oi Thiago,
    Em Portugal não há esse exame, ao menos isso...
    Obrigado pelo teu relatório importante de como se passam as coisas num país que nos diz muito. Grande abraço

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  6. Caro colega Guilherme de Carmo, repare que quando disse que não sabia se a questão podia ser colocada nesses moldes não quis inviabilizar a forma como a colocou. Apenas quis frisar que se é bem verdade que as palavras do Bastonário na reunião com o Ministro da Educação e Ensino Superior, Nuno Crato, caíram em saco roto, não menos verdade é que duvido, face às ligações que o Enf. Germano Couto e muitos dos elementos da sua equipa têm com Escolas de Enfermagem, que o Bastonário queira mesmo uma redução no número de vagas (talvez só nas Escolas públicas como defendem muitos dos seus apoiantes). No fundo tudo isto é um enorme jogo de interesses, não os da Enfermagem, mas de pessoas e grupos de pessoas que ocupam determinados lugares, o "comum" Enfermeiro esse, coitado, sobrevive nesta selva.

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  7. Sim... tudo isto é um jogo de interesses, não tenho dúvidas disso.

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  8. Gostei muito do extenso comentário que o/a colega aqui deixou.

    Quanto ao seu post e pegando também no comentário do/a colega acrescento o seguinte: de todos os candidatos a Bastonário (nas últimas eleições), o Germano era seguramente o que tinha as mãos mais “manchadas de sangue” no que respeita às Escolas de Enfermagem e das fornadas que estas lançam cá para fora. Na sua lista, encontramos muitos enfermeiros com responsabilidades directas na origem de muitos problemas que estão a afectar a profissão.
    Aproveito também para relembrar a propósito dos contratos dos colegas da ARSLVT que esta história dos pagamentos ao preço da chuva não é de agora. Nalgumas instituições do Norte do país, enfermeiros eram pagos a 2,5€ à hora, há muito tempo.
    O Sr. Germano Couto, então presidente da SRN da OE, nunca abriu a boca sobre isso.

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  9. O Germano é um verbo de encher, é muita conversa, muita treta.No fundo ele só foi para a ordem para depois saltar para a política.

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